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A carne é um acto de violência?

The violence against farm animals is so extreme that most parents prefer to deceive their children about the real purpose of livestock, in order to protect them from reality. Yet they support this violence by buying meat.

Por Renato Pichler, Presidente da União Suíça para o Vegetarianismo

Outubro de 2009

A violência para com os animais é um tal lugar-comum hoje em dia que até é subsidiada com fundos de impostos. Quase ninguém alegaria que um matadouro é um lugar de paz. Mas poucos consideram que a violência perpretada naqueles denominados "animais economicamente úteis" (gado) pode contribuir para o nível de violência demonstrado entre humanos.

Uma rápida vista de olhos ao que se passa dentro dum matadouro é prova suficiente da impossibilidade da produção de carne sem violência. O acto de matar uma criatura senciente congénere pratica-se n vezes diariamente. A maioria dos humanos encontra-se numa confortável negação deste facto («Não é assim tão mau» / «Não há nada que possamos fazer acerca disso»/ «Temos que matar para viver», etc.)...  

"A produção de carne", um caso excepcional.
A produção de carne tem uma posição privilegiada na nossa sociedade, apesar da óbvia violência infligida aos nossos semelhantes. É o único uso completamente legal de violência que resulta em morte (1), que não só é socialmente aceite , mas também promovido pela sociedade (distribuição de subsídios do Estado e financeiramente apoiado pela nossa sociedade através da venda de carne). Ele é visto simplesmente como "inevitável", como as mortes humanas durante tempos de guerra.

O "sofrimento" entre os seres humanos, o que resultaria da renúncia do uso sistemático da violência contra a "live-stock" por meio da renúncia do consumo de carne, é socialmente classificado como pior do que o sofrimento suportado pelos animais ao serem abatidos.

Opiniões dos peritos
Curiosamente, psicólogos discutem repetidamente a possibilidade de se os jogos de computador violentos estão a fazer com que as crianças se tornem cruéis. Apesar das mortes nos tais jogos, embora realisticamente retratadas, sejam apenas fictícias, ao contrário das mortes reais de animais, a violência contra os animais é apenas raramente integrada na prevenção da crueldade. No entanto, pelo menos, os especialistas que lidam diariamente com a violência humana, actualmente vêem uma estreita relação entre violência contra os animais e violência contra os seres humanos (2).

Na Flórida há uma unidade policial independente (3) que trata exclusivamente da violência contra os animais e com dureza semelhante à que trata da violência social entre os seres humanos. O motivo: investigações do FBI descobriram que havia uma semelhança entre quase todos os assassinos em série: todos eles (normalmente já em crianças) eram violentos para com os animais. Uma vez que a base da violência foi colocada, é difícil limitar essa apenas a certas formas de vida, ou situações. Este é o caso para aqueles que torturam animais e seres humanos mais tarde, como soldados, que foram treinados para matar e depois terem de voltar à vida civil. Claro que nem todos os soldados que tiveram de matar muitos seres humanos em tempos de guerra não se tornaram assassinos em série na vida civil, mas psicologicamente são obrigados a carregar uma fardo enorme (a taxa de suicídio de ex-soldados da guerra é muito alta: a vontade de usar a violência é dirigida contra si mesmo).  

Conclusão
A violência deve ser evitada em todas as formas, já que é difícil de tolerar a violência dentro de algumas situações e condená-la ao mesmo tempo em outras situações. Havia uma razão para que os combatentes da paz Mahatma Gandhi, Albert Schweitzer, Albert Einstein, etc  se recusassem a comer animais, justamente para evitarem a violência necessária associada à produção de carne. Se alguém é contra a prática de violência, então, moralmente não pode obrigar os outros (por exemplo: trabalhadores de matadouros) a cometer violência. Portanto, seres humanos pacíficos não podem condenar a violência entre seres humanos e, simultaneamente, olhar de outra maneira quando a violência é infligida para com os animais.

“Levamos a sério todas as formas de violência. Acreditamos que a violência entre humanos nasce da violência para com os animais. Os animais podem representar vítimas humanas. As suas expressões mostram dor e sofrimento,  eles sangram e morrem.
Podem ser obtidos e controlados mais facilmente, e a pena para actos de crueldade infligidos a animais é menos severa."

Alan Brantley, agente especial do FBI, supervisor na sede nacional de análise do crime violento (4)


"Os que estão habituados a dar, regra geral, nenhum valor a organismos vivos, correm o risco de concluir que também a vida humana não tem valor."

Dr. Albert Schweitzer

Lei suíça de protecção animal: “É proibido causar dor injustificada, sofrimento, indignação, causar medo ou maus tratos a animais. É proibido abusar, negligenciar e causar esforço excessivo a animais.”
A gratificação e satisfação do paladar humano é oficialmente considerada como uma razão legítima e necessária para encarcerar, engordar e matar animais.



Este artigo é um excerto revisto do mais extenso e não publicado "Pacifismo" de Renato Pichler.

1. A caça é um assunto especial, que nos primórdios era praticada com o objectivo de obter carne.
2. Boletim de justiça juvenil: “Maus tratos a animais e violência juvenil”,
Setembro de 2001, Prevenção da delinquência e justiça juvenil do departamento de justiça dos EUA.
3. Vegi info. 1999/3: Agente policial responsável por animais.
4. Citado em: Maus tratos animais e maus tratos humanos: parceiros no crime (versão alemã)


Source: Ist Fleischessen gewalttätig?
Author: tradução de Ana Soares, Sofia Costa e Vera Martins

Link: Human Abuse - Cruelty to Animals
Link: Swiss Union for Vegetarianism

Date: 2009-10-29

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